Nem mãe , nem mais ou menos….

imagem monica

 

A MINHA FAMÍLIA É MISTA e este não é um tema fácil, acima de tudo porque não me envolve apenas a mim e não foi uma opção, quando conheci o meu companheiro ele já tinha um filho, portanto aceitei desde o início esta relação a três e às vezes a quatro (a mãe do miúdo).

Primeiro que tudo, eu não sou mãe dele, nem sequer uma “mãe postiça”, também não sou madrasta porque só o nome assusta. Tenho alguns direitos e deveres, mas nada se compara aos privilégios da mulher que o deu à luz. Na brincadeira digo-lhe que sou “boadrasta”, ele aceita e sorri. Sou a namorada do pai e uma amiga com quem ele pode contar quase sempre.

Tenho sorte, porque se trata de um miúdo educado e pacífico, ainda não me deu grandes chatices, mas também tenho mérito, porque muitas vezes me coloquei na pele dele. Eu sei que por muito que goste de mim, ele preferia que eu não existisse. Qualquer criança quer ver os pais juntos. Por muito que ele goste de ir comigo à praia é para a mãe que ele quer apanhar conchinhas. Quando vomita são as mãos da mãe que ele pede para o agarrar na casa de banho . À noite é o beijo da mãe que deseja. Não o condeno, respeito e vivo bem com isso. Como a guarda é partilhada, semana sim, semana não tenho que contar com uma criança na minha vida, uma criança que não é minha, mas que já faz parte de mim. E como é que faço?

É simples, não me comparo a outras pessoas na mesma posição. Oiço histórias de pessoas que afirmam ser mães dos enteados, Deus me livre e guarde de tamanha responsabilidade.

Não interfiro na educação do miúdo. Quando os assuntos me afectam (horários, férias, etc), falo com o meu companheiro sobre isso. Com ele e só com ele.

Faço questão que o miúdo perceba que a situação não me afecta e que vivo bem resolvida com isso. Não quebro e não vacilo um só segundo. Eu sou eu. Eles são eles. E por vezes somos nós.

Agora que revi o texto, até parece que não gosto do miúdo, que sou fria e calculista, mas nada disso. Gosto mesmo muito do meu “corujas29”. Divertimo-nos imenso juntos. Já o levei a sítios onde nunca ninguém o tinha levado, já fizemos buracos e castelos na areia juntos, já comemos pizza com as mãos e fizemos hotdogs caseiros. Já joguei futebol com ele e vi o brilho nos olhos seguido de um comentário de admiração “tu és daquelas meninas que sabem jogar à bola, fixe!” Também já o obriguei a arrumar o quarto e a estudar. Já lhe ensinei palavras novas e o mais importante de tudo, fiz dele um grande benfiquista. Gosto de o ver feliz e tudo o que posso fazer por ele, faço. Mas sem perder a minha identidade e o meu espaço. Ele é o filho dele, eu sou “apenas” a namorada do pai.

A minha família é assim…mista de 15 em 15 dias e eu não a consigo imaginar de outra forma.

E já agora, uma salva de palmas para todas nós que temos este jogo de cintura e capacidade de amar um filho que não é nosso…não é para todas!

A “boadrasta” hoje com alguns filtros.

MB

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